Quando alguém fala sobre armas, desarmamento e violência, sempre aparece alguém para nos comparar com os Estados Unidos ou com a Suíça, países armados “até os dentes” e muito mais pacíficos que o Brasil. Entre as cinquenta cidades mais violentas do mundo, 21 delas ficam no Brasil (o país que tem mais homicídios no mundo, em números absolutos) e nenhuma nos EUA ou na Suíça. E sempre aparece alguém para nos lembrar que aqueles países não podem ser comparados com o Brasil por “são países ricos”, de um cultura e nível “superiores”.
Vejam as taxas desses países: Suíça: 0,7 homicídios por 100 mil habitantes (2013). Estados Unidos: 4,2 homicídios por 100 mil habitantes (2013). Brasil: 32,4 homicídios por 100 mil habitantes (2016).
BRASIL E PARAGUAI – Então, já que comparar o Brasil com os países armados que são ricos não seria justo, vamos nos comparar com o Paraguai, país tão pobre quanto o Brasil. Vejam este artigo do Braspar – Centro Empresarial Brasil-Paraguay:
Com um total de 546 homicídios dolosos em 2015, de acordo com a Polícia Nacional, o Paraguai conseguiu reduzir em quase 30% a quantidade de homicídios desde 2012. Desta forma, somente Chile, com 3.4/100.000 e Uruguai, com 8.1/100.000 homicídios, são mais seguros do que o Paraguai na América Latina.
Como comparação, a taxa de homicídios no Brasil é de 27/100.000 habitantes (2014). E no Paraguai, dois terços dos homicídios concentram-se na região de fronteira com o Brasil e isso, por causa do acerto de contas entre bandidos ligados ao contrabando e tráfico de drogas no Brasil.”
PARAGUAI COMBATE A CRIMINALIDADE
E vejam parte dos argumentos de uma reportagem sobre o Paraguai no site da ONG Ili-SP:
“22/-2/2016 – Quando falamos em Paraguai, os brasileiros fazem quase sempre a imediata associação com a Ciudad Del Este, tráfico de drogas e armas, contrabando e falsificações. Essa é a imagem que foi criada e repassada para nós durante décadas. Outra associação quase imediata é o oba-oba no que diz respeito às armas. Um país sem lei, onde qualquer um compra armas e, não raramente, essas armas vão abastecer o mercado ilegal brasileiro… Será mesmo?
Comecemos falando sobre a aquisição de armas. A legislação paraguaia é realmente uma das menos restritivas da América do Sul, muito semelhante à brasileira antes do malfadado Estatuto do Desarmamento. Qualquer cidadão paraguaio para comprar uma arma, bastando apresentar cópia de identidade, certidão de antecedentes criminais (uma única, emitida pela Policia Nacional) e realizar um teste técnico de conhecimento básico.
O trâmite demora em torno de 10 a 15 dias e não há qualquer discricionariedade envolvida. Não há limite de quantidade de armas. Não há restrição de calibres e, apresentando o registro da arma, o cidadão pode comprar quanta munição seu dinheiro permitir. A idade mínima é de 21 anos. O porte requer um laudo psicológico e o preenchimento de uma requisição. O cidadão pode ter o porte para duas armas, sendo ambas curtas ou uma curta e uma longa. Sim, você pode portar uma espingarda calibre 12 ou um fuzil em calibre.308. A anistia para armas irregulares é permanente e basta que o cidadão requeira o registro após o pagamento de uma pequena “multa”.
E A CRIMINALIDADE? – Bom, em 2002 o Paraguai enfrentou a sua mais alta taxa de homicídios: 24,63 homicídios por 100 mil habitantes. Hoje, o país tem a terceira menor taxa de homicídios (7,98) da América do Sul, perdendo apenas para o Chile (2,97) e o Uruguai (7,81). Lembrando que o Uruguai é o país mais armado da América Latina.
O Paraguai ainda possui uma das economias mais frágeis da América do Sul, com um IDH de 0,676, considerado médio e bem abaixo do Brasil. Mais de 30% da sua população está situada abaixo da linha da pobreza e sua taxa de desemprego é de quase 7%, o que enterra, mais uma vez, a ideia que o desenvolvimento humano e econômico é um fator decisivo para a redução da criminalidade.
O vizinho Paraguai também vai vencendo o Brasil na economia, que melhora ano após ano desde 2010 (com a maior oferta de energia elétrica). Independente da evolução econômica, os homicídios estão em queda no Paraguai desde 2003.
RIGOR CONTRA O CRIME – Mas como o Paraguai conseguiu reduzir a criminalidade? Pode parecer difícil de acreditar para a maioria dos nossos políticos, mas isso foi conseguido… combatendo o crime! Integração das instituições policiais e judiciárias, investimentos nas polícias e, principalmente, a criação de uma força tarefa para fazer cumprir milhares de mandados de prisão. Enquanto isso, o Brasil segue brincando de segurança pública, impondo o desarmamento civil e assistindo milhares de assassinatos todos os anos.”
Fonte: Tribuna da internet