Na última semana de agosto duas notícias na área econômica movimentaram o mercado. A primeira foi o aumento do Produto Interno Bruto, PIB, que é o conjunto de todas as riquezas produzidas pelo país num determinado ano.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a variação oficial da economia brasileira, este aumento foi 0,4% no segundo trimestre deste ano em relação ao primeiro trimestre de 2019, com destaque para o crescimento dos setores da indústria e de serviços no período.
O dado do dia 29 de agosto foi sucedido pela queda na taxa da população desocupada no país no segundo trimestre de 2019, divulgada na última sexta-feira, 30 de agosto. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua do IBGE, essa taxa caiu de 12,5% entre fevereiro e abril deste ano para 11,8% entre maio e julho, com mais de 600 mil pessoas voltando para o mercado de trabalho.
É o caso da vendedora Augusta Francisca Souza, de 33 anos, que ficou desempregada no último ano, mas reverteu a situação ao conseguir nos últimos três meses uma colocação em uma loja de cosméticos, no Rio de Janeiro.
“Eu fiquei oito meses sem trabalhar. Depois eu consegui uma vaga no shopping. E depois surgiu [loja de cosméticos] como oportunidade mesmo. Então, eu priorizei, porque não trabalha no domingo. Então, eu priorizei por causa da família”, disse a vendedora.
O setor de serviços foi o responsável pela queda na população desocupada no trimestre encerrado em julho, ou seja, foi a área que mais contratou no período. Foi o que apontou o gerente da pesquisa, o coordenador de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo.
“O agrupamento de atividades como agricultura, construção e serviços foram representativos, apresentaram evolução significativa em relação ao trimestre passado. Mas destaca-se que tanto na comparação trimestral quanto na comparação anual, o que puxou o aumento da população ocupada foi o crescimento dos serviços”, reforçou Azeredo.
Com a queda na desocupação, a população ocupada cresceu e chegou a 93.6 milhões de pessoas em julho, sendo a maior taxa desde 2012. O crescimento da população ocupada também se deveu, de acordo com a pesquisa do IBGE, ao aumento de vagas informais, sem carteira assinada no mercado de trabalho, que subiu 3,9% por cento nos últimos três meses encerrados em julho em relação ao trimestre finalizado em abril.
O economista Marcelo Neri, diretor do Departamento Social da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), avaliou que o cenário apresenta um conjunto de indicadores que demonstra uma melhora no mercado de trabalho.
“O quadro geral é um quadro positivo, porque a renda do brasileiro, a renda do trabalho, tá crescendo 2,2% em termos reais em relação ao ano anterior, portanto mais de duas vezes mais acelerado do que o próprio PIB que saiu. De alguma forma o desemprego tá em queda, a informalidade aumentando, mas quando você faz um quadro geral de todos esses fatores, subutilização, desemprego, salário, jornada etc, você tem um quadro de uma expansão maior do que da economia”, destacou o economista.