Por Erick, O Caçador
O Policial Militar Hermano, com problemas financeiros, demandas afetivas familiares e histórico psiquiátrico, surtou e fez o próprio filho de refém. Não cabe aqui repetir pormenores do lamentável incidente, mas o objetivo é comentar a repercussão da tragédia anunciada.
Começando da raiz, é bom lembrar um corolário “oculto” do dia-a-dia dos policiais: “na Polícia não tem herói, mas pode ter bandido”.
Essa frase não é o retrato apenas da atitude da imprensa ( como inúmeros casos o demonstram). Dentro das próprias polícias, o clima é o mesmo, como qualquer um que faça (ou tenha feito) um trabalho destacado sabe muito bem. “Ninguém queira ser herói” – murmura-se, aconselha-se, impõe-se por fina força (se for o caso). Há razões para isso: a palavra “covardia” tem uma acepção bem específica nas corporações policiais (o que talvez seja uma realidade difícil de admitir publicamente, mas os Policiais entenderão o que digo).
Infelizmente, o militar que surtou ontem em Macaíba não foi visto como um ser humano sujeito às pressões da vida policial e, portanto, digno de tratamento eficaz com profissional de saúde mental ANTES da coisa chegar aonde chegou. Na prática, não há Direitos Humanos para profissionais de Segurança Pública, nem qualquer rotina de acompanhamento psicológico, muito menos.
Sim, ele não foi um herói. Mas querem que seja um bandido. Isso, ele pode ser?
Para o sequestrador do ônibus na ponte Rio-Niterói houve imprensa em tom neutro (ou trágico) e até uma deputada petista Potiguar lamentando… Para o Policial Militar Hermano, temos um cenário muito diferente, apesar do último ser um homem comprovadamente doente, com atestado médico válido.
Levanto ousada questão simples, mas inédita: pode um Policial ser vítima da Sociedade?
Hermano não está sendo visto como ser humano, mas como uma espécie de monstro, pois é um Policial. Já Adélio Bispo, o esquerdopata que esfaqueou Jair Bolsonaro, é diferente: Bispo só fez o que achava certo, dentro de um quadro de doença mental – tem que ser tratado.
Cabe reflexão sobre o assunto. Mas não espero mudanças, pois não há razões para ser otimista com relação aos problemas acima. São os fatos terríveis.
Erick Guerra, O Caçador