
Karina de Assis Carvalho, que divide apartamento com Yuri de Moura Alexandre, de 29 anos, foi à 12ªDP, em Copacabana, nesta quarta-feira, prestar depoimento sobre as agressões contra Victor Meyniel, de 26 anos. A mulher ficou quase quatro horas na sede da polícia e não conversou com a imprensa. Ela estava dentro do imóvel, na madrugada do crime, conversou com o ator e teria acompanhado o início do desentendimento entre ele e Yuri.
A relação entre Karina e Yuri não está clara até o momento. Ao Victor, o agressor teria revelado serem amigos, mas ao sargento do 19ºBPM, em Copacabana, que o levou preso em flagrante, ele teria dito que ela era sua “mulher”. Os dois são estudantes de medicina e compartilham o apartamento.
Victor Meyniel foi agredido na madrugada de sábado após sair de uma festa em Copacabana com Yuri, que o havia convidado para sua casa. No local, eles teriam tido momentos de intimidade até que, segundo o ator, Karina teria chegado e deixado Yuri sem jeito, incomodado com a situação.
Ao GLOBO, o ator Victor Meyniel disse, na segunda-feira, que Gilmar o ajudou a se levantar apenas porque estava “atrapalhado a passagem”:
Em determinado momento, uma discussão teria começado e o ator foi colocado para fora com violência. A situação se agravou na portaria, quando Yuri agrediu Victor com socos no rosto e na cabeça.
Yuri foi preso preventivamente pelos crimes de injúria por preconceito, lesão corporal e falsidade ideológica — este último por ter se identificado como médico da aeronáutica no momento da prisão. A 12ª DP (Copacabana), onde o caso foi registrado, também autuou Gilmar por omissão de socorro.
Nas filmagens das câmeras de segurança do prédio é possível observar que o porteiro Gilmar José Agostini assiste sentado às agressões contra o ator e, apenas cerca de dois minutos depois, ajuda a vítima a se levantar.

Porteiro presenciou agressões contra Meyniel sem intervir e apenas afastou vítima da porta
Às 8h21, Yuri aparece na portaria de seu prédio, que fica na Rua Siqueira Campos, em Copacabana. Poucos segundos depois, Victor chega no local e os dois passam a discutir. Gilmar aparece sentado em sua cadeira durante todo o tempo, observando a briga. Cerca de três minutos depois, Yuri passa a agredir Victor, que cai no chão. O ator leva socos por dois minutos. Apenas após as agressões cessarem, que Gilmar se levanta, vai até Victor e o levanta do chão. Assim que tira a vítima do chão, o porteiro retorna ao seu lugar e se senta.
Em depoimento, o síndico do condomínio, Marcos de Carvalho, afirmou que Gilmar o interfonou e avisou que uma briga acontecia na portaria. Ao chegar ao local, deparou-se com o ator já machucado, momento esse em que auxiliou o ator a ir a uma delegacia e chamou a Polícia Militar. O síndico diz também que Gilmar é “uma pessoa simplória, que tem medo das coisas, diabético e que cuida do irmão, que está internado”. Por isso, diz acreditar “que o porteiro não interveio”.
‘Me arrastou porque eu estava atrapalhando a passagem’
— Enquanto estava caído, quase desacordado, o porteiro segurou a minha mão e me arrastou porque eu estava atrapalhando a passagem. Não queria que ele fosse um herói, apenas que tivesse sido humano. No lugar dele, se tivesse visto alguém sendo agredido, teria ajudado. Isso é uma questão de empatia — disse o ator.
Agressor pode pegar até 11 anos de prisão
Caso seja condenado, Yuri de Moura pode pegar até 11 anos de prisão. A agressão, que ocorreu no último sábado, foi gravada por câmeras de vigilância da portaria do edifício.
- ‘Apreensivo, mas com fé’: apresentador Bruno De Luca fala sobre quadro de saúde de Kayky Brito
Esta não foi a primeira vez que o ator foi vítima de homofobia. Em setembro de 2017, ele contou em seu Twitter que havia sofrido um ataque homofóbico enquanto voltava do Rock in Rio. Na ocasião, ele publicou uma foto em que era possível ver seu nariz com um corte, sangrando. “Pra quem diz que homofobia não existe, bom dia e boa semana”, escreveu, na época, o ator e influenciador.
A defesa do ator Victor Meyniel acredita que o episódio de violência sofrido por ele no último sábado pode ter sido motivado pela exposição pública da sexualidade do agressor. Segundo a advogada Maíra Fernandes, que defende Meyniel no âmbito criminal, o artista teria perguntado, na portaria do prédio, se “ninguém sabia” sobre a orientação sexual de Yuri de Moura Alexandre. Durante o espancamento, Yuri teria afirmado: “Eu não sou viado [sic]. Você é que é”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2023/R/m/LSSAcDTUukiByvm8fbqw/1000127458.jpg)
Já o advogado de defesa do agressor, o criminalista Lucas Oliveira, disse em um comunicado divulgado à imprensa que a identidade sexual do cliente jamais foi ocultada, se referindo ao fato de Yuri já ter sido casado com uma pessoa do mesmo sexo. E que a identidade sexual de seu cliente estaria sendo apagada, com a justificativa de que ele teria praticado crime de homofobia. Obrigando seu cliente a provar que é gay.
Quanto à acusação de lesão corporal, a nota do advogado não nega a agressão, registrada por uma câmera de segurança, mas diz que “há nos autos do processo exame de corpo de delito realizado por perito oficial que prova que as lesões não geraram incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente”.