Após o ataque de milicianos na Zona Oeste do Rio, na segunda-feira, o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, afirmou que a ação criminosos é uma “clara ameaça à autoridade do Estado”. Em entrevista na manhã desta terça-feira, ele classificou o caos vivido pela população como uma “situação inaceitável”. Cappelli chegou à capital fluminense ainda pela manhã e se reunirá com o governador Cláudio Castro à tarde, para discutir o projeto da Força Nacional no estado. Desde que foi fortalecida a parceira entre o governo federal e o Rio, o secretário-executivo vem comentado casos de repercussão que aconteceram na cidade do Rio, como a execução de três médicos na Barra da Tijuca e a prisão de quatro policiais e um advogados por tráfico de drogas.
- Mobilidade depois de ataques: Após dia de caos, veja como está circulação de BRTs, ônibus e trens no Rio
- Impacto para a população: Na volta para casa, após 35 ônibus serem incendiados, trabalhador anda 11 Km e ganha carona solidária
O secretário-executivo participou na manhã desta terça de um evento da Polícia Federal no Centro. Assim como o governador Cláudio Castro avaliou, Cappelli disse não ser necessária uma intervenção federal no Rio. Como a Força Nacional está atuando no estado há pouco mais de uma semana, Cappelli avalia que ainda é cedo para avaliar mudanças na atuação:
— A gente está completando uma semana do início do nosso reforço no Rio de Janeiro, então é cedo para a gente rever um planejamento que ainda está em curso. A gente vai fazer hoje a primeira reunião de monitoramento. Esta semana acabam de chegar os homens da Polícia Federal com tecnologia, com equipamentos. Então, está cedo ainda, não tem uma semana. Claro que o que aconteceu ontem, é gravíssimo, e isso a gente leva em conta no planejamento que está construindo, executando. Vamos avaliar hoje à tarde.
Cappelli destacou que não pode ser considerado “normal” o que ocorreu na Zona Oeste da capital na segunda-feira.
Ônibus são incendiados na Zona Oeste do Rio
Ataques a veículos de transporte público acontece após morte de miliciano em Santa Cruz
— A gente vive uma situação muito difícil, não é? Isso aí não é uma opinião do governo, não é normal a gente ter 35 ônibus queimados, um trem queimado, um pedaço da cidade paralisado. Isso, claro que a gente não pode considerar normal. Não é normal e não é aceitável.
Na noite de ontem, em entrevista, Castro afirmou que 12 pessoas foram detidas por terrorismo, após a queima de 35 ônibus em sete bairros da Zona Oeste. Na manhã desta terça-feira, o governador explicou que apenas seis destas pessoas ficaram presas, devido à falta de indícios de que tivessem cometido crime. Segundo ele, todos os presos serão encaminhados para presídios federais. Questionado sobre as transferências, Cappelli afirmou que todos os pedidos do governo do estado quanto a isso serão atendidos.
— Não há limite da parte do governo federal quanto à transferência de presos. Todos os presos que o governo do estado solicitar a transferência para presídios federais serão atendidos — assegurou.
Inteligência para prender chefes de organizações criminosas
Em relação à afirmação de Castro sobre a necessidade da prisão de dois chefes da milícia e um do tráfico, Cappelli disse que ações de inteligência conjuntas entre as polícias Civil e Federal podem ajudar a chegar aos criminosos.
— A Polícia Federal tem muitas informações sobre as organizações criminosas do Brasil, e, especialmente, do Rio de Janeiro. Então, ela tem atuado em cooperação com a Polícia Civil. Tenho certeza que essas informações podem ajudar a chegar a essas lideranças.