
Os desafios da geração de novas vagas de emprego, como promover a conexão entre candidatos e empresas com oportunidades de trabalho, os novos conceitos de empreendedorismo e os caminhos para oferecer a formação e a capacitação exigidas pelo mercado. Estes foram alguns dos temas abordados no seminário especial — promovido para as comemorações dos 25 anos do jornal EXTRA —, cujo objetivo foi discutir oportunidades e desenvolvimento econômico no Estado do Rio de Janeiro.
O seminário, realizado na última sexta-feira (dia 27), com mediação da editora-assistente de Economia Mônica Pereira, reuniu autoridades e especialistas em carreiras e empreendedorismo. Do primeiro painel, participaram Cláudio Castro, governador do Estado do Rio; Alini Dal’Magro, CEO do Instituto Proa (especializado no desenvolvimento pessoal e profissional de jovens de baixa renda do país); Paulo Vasconcelos, coordenador executivo da Comunidade Católica Gerando Vidas (instituição que faz a intermediação de mão de obra junto a empresas que atuam no estado); e Vinicius Farah, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços.
- Canais do EXTRA no WhatsApp: Assine o canal Emprego e Concursos e receba as principais notícias do dia
O encontro ainda contou com a presença de especialistas para debater o trabalho por conta própria e o empreendedorismo. Para isso, foram convidados Alexandre Martins, cofundador e CEO da marca Vó Alzira (fabricante de bolos caseiros que hoje tem dezenas de franquias); Amanda Alexandre, coordenadora de Educação do Sebrae Rio; Johnny Borges, diretor de Impacto Social do iFood; e Kelly Matos, secretária estadual de Trabalho e Renda.
Observando dados de geração de empregos no estado, o governador Cláudio Castro afirmou que uma das prioridades de sua administração é a recuperação do desenvolvimento e a geração de empregos. Para isso, segundo ele, houve um investimento na revisão legislativa para tratamento diferenciado de setores produtivos, oferecimento de incentivo fiscal condicionado à criação de postos de trabalho e medidas especiais de tratamento tributário.
— Os incentivos (fiscais e de redução de carga tributária) à classe produtiva estão sendo determinados de acordo com o sua colaboração em termos de empregabilidade — ressaltou Cláudio Castro, acrescentando: — Nossa prioridade é a geração de empregos. A empregabilidade é um problema social gravíssimo. Sabemos da importância de viabilizar a qualificação profissional e de ter o profissional localmente próximo.
- Seleção: Supremo exclui limitação de mulheres em concurso da Polícia Militar. Entenda
Entrevista: ‘Vamos lançar crédito e polos industriais’, diz Vinicius Farah, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2023/d/C/OEjbcpSuAS3XyXGoWj0g/104829516-ri-rio-de-janeiro-rj-26-10-2023-seminarios-extra-no-auditorio-do-jornal-e-alini-dal-magro-1-.jpg)
Quais são as iniciativas que o governo deve adotar para tentar aumentar a geração de empregos e renda no Estado do Rio?
Na geração de empregos, o Rio de Janeiro saiu do 24º para o 2º lugar no país. Não tenho dúvidas de que este processo não será interrompido. O estado vai investir R$ 400 milhões para fomentar empregos em 21 municípios, considerados estratégicos, polos industriais.
Há também o projeto de novas linhas crédito para empresários do estado?
Nós vamos aportar R$ 400 milhões na AgeRio (Agência Estadual de Fomento) para emprestar recursos às empresas a juros de 2% ao ano pela linha de crédito com recursos próprios. Com essas duas medidas, temos a certeza de que o estado vai conseguir gerar empregos.
O governador acrescentou que, para melhorar o ambiente de contratações no estado, é preciso investimento em qualificação, além de organização para distribuir as vagas, de modo que os candidatos saibam quem está contratando, e os requisitos exigidos pelos empregadores fluminenses
A Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro (Jucerja) registrou um novo recorde histórico: setembro terminou com a abertura de 5.956 novas empresas, o maior número para o mês nos 215 anos da instituição. O crescimento foi de 11,8% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Segundo o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Vinicius Farah, novas empresas estão instalando plantas no estado, o que representa geração de empregos. Entre elas, há companhias do setor de Datacenter, Metalmecânica e Aço. Outro foco de criação de oportunidades é a Construção Civil. Segundo o governo, o retorno de investimentos deve destravar o segmento.
A inserção de jovem no mercado de trabalho é um dos principais desafios do mercado de trabalho. O Instituto Proa, especializado no desenvolvimento pessoal e profissional de jovens de baixa renda do país, oferece projetos de capacitação e formação básica para aqueles que buscam as primeira oportunidade no mercado. A formação básica de três meses foi construída após entrevistas de especialistas da entidade com 70 empresas para ouvir quais são os requisitos exigidos dos candidatos.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2023/p/0/y55Ns7RS2S9CalgZT1bQ/104829528-ri-rio-de-janeiro-rj-26-10-2023-seminarios-extra-no-auditorio-do-jornal-e-alini-dal-magro-1-.jpg)
Entre as aulas oferecidas pelo instituto estão as de formação técnica (raciocínio lógico, dados, vendas e serviços). No entanto, para Alini Dal’Magro, CEO do Proa, desenvolver habilidades comportamentais e sociais tem grande importância:
— O emprego muda a vida. Os jovens precisam de orientações básicas sobre como se comunicar, se comportar em entrevistas, produzir um currículo adequadamente. Já ouvi de um jovem: “Sei programar, mas não sei falar”. Ele precisa entender que sem comunicação não vai conseguir o primeiro emprego — explica Alini Dal’Magro.
- Shopee e Magazine Luiza são notificadas pelo governo por fake news em anúncios exibidos nos sites. Veja
Na avaliação de Amanda Alexandre, coordenadora de Educação do Sebrae Rio, além de conquistar a oportunidade, é preciso desenvolver talentos para se manter empregado:
— Em muitos casos, o funcionário é admitido pelo currículo e demitido pelo comportamento, pela falta de noções básicas e de habilidade sociais — explica Amanda.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2023/L/S/d3gqZWTFS4XZVVBDIBBg/104829514-ri-rio-de-janeiro-rj-26-10-2023-seminarios-extra-no-auditorio-do-jornal-e-alini-dal-magro.jpg)
Paulo Vasconcelos, coordenador executivo da Comunidade Católica Gerando Vidas (instituição independente e de atuação voluntária que faz a intermediação de mão de obra) destaca que, em muitos casos, é preciso auxiliar os candidatos com dinheiro para o deslocamento para entrevistas ou mesmo roupas adequadas:
— Ajudamos os candidatos a se portar na entrevista. Temos até brechó com mudas de roupas para ele se vestir.
Mudanças nas leis incentivam as empresas
Uma das estratégias do governo para tentar aumentar a geração de empregos é, por um lado, oferecer um tratamento tributário diferenciado. E, por outro lado, mapear as vocações regionais para fomentar os negócios locais e a contratação de mão de obra na própria cidade. O projeto Desenvolve RJ foi uma das experiências com rodadas de negócios em Nova Friburgo, Volta Redonda e Nova Iguaçu, com incentivo à compra de produtos de empresários locais e promessa de investimento de até R$ 78 milhões nos próximos anos.
— Foram modificadas 20 leis para modernizar o setor produtivo do Rio de Janeiro. Outra ação importante é a desburocratização. Há dois anos, o tempo para abertura de empresas no estado era de 30 a 40 dias. Hoje, leva 30 minutos — disse Vinicius Farah, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços.
Segundo ele, o empresariado percebe que os profissionais recém-contratados poderiam ser mais bem preparados para as vagas para quais foram selecionados. Para reverter a ausência de qualificação, o governo estuda outro convênio com a Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan).
- Justiça: Empresário terá parte da aposentadoria de R$ 3 mil penhorada para pagar dívida trabalhista. Saiba mais
Recuperação de postos do Sine
A Secretaria estadual de Trabalho e Renda (Setrab) planeja usar cerca de R$ 25 milhões de recursos do governo federal em investimentos para recuperação de postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), projetos de qualificação profissional e produção de estatísticas de empregabilidade. Segundo a secretária Kelly Matos, diversos estados, incluindo o Rio de Janeiro, não estavam empregando a verba já carimbada da União para a geração de empregos.
Os investimentos serão feitos em blocos, segundo ela, e o primeiro deles será na melhoria do atendimento dos 42 postos do Sine do estado, que oferecem os serviços de intermediação de mão de obra, seguro-desemprego e produção da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital). Segundo Kelly, há ainda projetos de expansão do número de unidades, além da abertura de postos descentralizados de atendimento:
— Estamos fazendo um chamamento público depois que o governo federal abriu a oportunidade para que os estados que não tivessem executado a verba iniciassem a sua aplicação.