
Após o anúncio da criação de um comitê que mira “asfixiar financeiramente” grupos criminosos ligados às milícias e narcomilícias que atuam no estado do Rio ter sido confirmada pelo Ministro da Justiça Flávio nesta terça-feira, as primeiras etapas da força-tarefa permanente começam a ser traçadas. O comitê, a princípio, foi divido em duas frentes: a de investigação e rastreamento de transações. A Polícia Civil do Rio, com o trabalho da inteligência, ficará a cargo de investigar, dando seguimento a inquéritos, alguns já em andamento. Já os outros braços financeiros, serão administrados por membros da Coafe (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Polícia Federal, Secretaria Estadual de Casa Civil e Secretaria de Fazenda do Rio.
A medida inédita havia sido anunciada pelo governo na última sexta-feira, mas sem detalhes. A reunião que trará diretrizes de como o grupo deverá atuar em território fluminense acontecerá nesta quarta-feira, a portas-fechadas. No entanto, alguns mecanismos já começaram a ser definidos e delegados pela alta cúpula do governo do Rio. Neste primeiro momento, o Comitê Integrado de Investigação Financeira e Recuperação de Ativos (CIIFRA), como foi nomeado, será formado por membros da PF, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Senasp, secretarias de Estado de Polícia Civil (Sepol) e da Fazenda (Sefaz), Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e o -Coaf.
Neste pacote de ações, a Secretaria de Polícia Militar ficou de fora. Segundo fontes ligadas ao governo, o trabalho operacional está sendo definido e coordenado pelo Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil. E por este motivo, a PM deverá atuar apenas, quando necessário, no trabalho ostensivo, dando apoio em operações.
A expectativa é que o comitê funcione com a atualização conjunta de agentes da Polícia Federal e da Secretária Nacional de Segurança Pública, mas focada exclusivamente em questões de inteligência financeira, conforme pontuou o ministro Flávio Dino.
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— Fizemos ontem uma reunião e decidimos constituir essa equipe mista, chamada Cifra, Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos. Irei à próxima semana para assinar acordo de cooperação técnica que vai normatizar o funcionamento desse comitê — afirmou o ministro.
Além das estratégias, o Governo Federal também já prometeu o envio de agentes da Polícia Federal de Brasília ao Rio. A ideia é que os policiais especializados em rastreamento de dados e controle de transferência financeira atuem apenas no reforço do trabalho de inteligência.
Mudanças na legislação
O governador Claudio Castro, em entrevista ao Jornal O GLOBO, defendeu mudanças na legislação sobre tráfico e milícia e trabalho conjunto entre estados contra o crime.
— Ou a gente se une ou cada um vai continuar enxugando o seu gelo particular— afirmou o Chefe do Executivo. Castro argumento ainda, após sucessivas viagens à Brasília, que tem convicção do que está sendo feito, referindo-se a série de ataques e execuções feitas por grupos criminosos em menos de um mês.
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— Tenho muita convicção do que está sendo feito. Ao me perguntarem o que eu achava das imagens da Maré, tenho dito que elas são libertadoras. A população, a sociedade e a imprensa começaram a ver qual é o real tamanho do meu desafio. Esse é um problema nacional que está explodindo no Rio. Há um problema de fronteira, de máfia, de lavagem de dinheiro, de uma legislação ruim. E acho que, talvez, a gente possa estar começando a fazer, pela primeira vez, o verdadeiro debate.