O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal a condenação do influenciador Júlio Cocielo, que soma mais de 23 milhões de seguidores apenas no Instagram, por racismo. Entre 2011 e 2018, o influencer publicou ao menos nove mensagens com aparente conduta criminosa e com teor racista. Caso a justiça acate o pedido do MPF, Cocielo pode ir parar na cadeia.
De acordo com a denúncia, as publicações racistas foram feitas por Júlio Cocielo em seu perfil no X, antigo Twitter. São mensagens como “o Brasil seria mais lindo se não houvesse frescura com piadas racistas, mas já que é proibido, a única solução é exterminar os negros” e “nada contra os negros, tirando a melanina”.
Em uma das postagens, o influenciador diminui a imagem do jogador de futebol francês Kylian Mbappé, publicada durante a Copa do Mundo de 2018, realizada na Rússia. “Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein”. Após a repercussão negativa, Cocielo apagou cerca de 50 mil tweets de seu perfil e lançou um texto com pedido de desculpa.
Prisão
Segundo o MPF, Cocielo responde pelo crime fixado no artigo 20 da Lei nº 7.716/89 (conhecida como Lei do Racismo), que prevê condenação a quem praticar, induzir ou incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Cada postagem poderá ser analisada separadamente e gerar uma pena de 2 a 5 anos de prisão.
Assim, de acordo com especialistas ouvidos pelo EM OFF, o influenciador pode ser condenado a até 45 anos de prisão caso a Justiça Federal aceite o pedido do Ministério Público e o juiz conceder a pena máxima. Apesar da gravidade das denúncias e das postagens feitas por Cocielo, dificilmente o influenciador ficará tanto tempo atrás das grades.
Para ratificar a denúncia, o MPF apresenta mais exemplos de mensagens postadas por Júlio Cocielo. Em 11 de dezembro de 2013, por exemplo, ele escreveu: “gritei VAI MACACA pela janela e a vizinha negra bateu no portão de casa pra me dar bronca”. Já em 22 de setembro de 2011, postou “Não comi nada hoje, me sinto um africano”. Em 02 de novembro de 2011, publicou que “Cara feia pra mim é fome. África, o país mais feio do mundo”.
“O réu [Cocielo], sem qualquer sutileza, reforça estereótipos da população negra – miseráveis, bandidos e macacos – não havendo abertura, em seu discurso, que permita entrever alguma forma de sátira. As publicações do réu não expõem ao ridículo as estruturas de um sistema discriminatório, mas ridicularizam os próprios sujeitos historicamente subjugados. Não é humor; é escárnio”, aponta o MPF.
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