O deputado federal Sargento Gonçalves disse que não descarta se desfiliar do PL caso o partido insista em apoiar a pré-candidatura do também deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) à Prefeitura do Natal. As declarações ocorreram em entrevista à rádio 91 FM na última segunda-feira (29).
O parlamentar disse que não vai se “insurgir” contra a decisão do senador Rogério Marinho de levar o PL para o palanque de Paulinho Freire, mas defendeu que a legenda tenha candidatura própria à Prefeitura do Natal, em vez de ser “coadjuvante”. Ele acredita, ainda, que Paulinho não tem “viabilidade” de ser um candidato competitivo na eleição de 2024 na capital potiguar.
“Eu defendo a ideia de que nós teríamos que ter candidatura própria. Não apenas em Natal, mas nas principais cidades do Estado. Entendo que há necessidade de composições, mas o partido é grande, tem três deputados federais, um senador da República, dois deputados estaduais e não podemos ficar como coadjuvantes nos principais cenários do Estado. Não é uma ganância de querer ser prefeito, mas defendo a ideia de que nós temos que ter um candidato que represente de fato os ideais conservadores, ou bolsonarismo, para que nós possamos vestir a camisa e pedir voto com vontade por um projeto que acreditamos”, disse Sargento Gonçalves.
O deputado afirmou que seu nome está à disposição do partido para ser candidato, mas falou que não vê problema em apoiar o deputado federal General Girão (PL). “Não tenho problema pessoal com Paulinho. Conversamos nos voos e em Brasília. Apenas entendo que não representamos o mesmo espectro político. Entendo que, no 1º turno, é o momento de discutir ideias e o PL não pode ficar de fora desse momento importante”, enfatizou.
Gonçalves ressaltou que vê o PL agindo como se fosse “vira-lata” e citou declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro em live realizada no domingo (28), na qual ele defendeu que o partido lance candidatos pelo País afora.
“O presidente, na live, reafirmou que defende que, pelo menos nas capitais, o PL tenha candidatura própria. O PL quer fazer 1,5 mil prefeitos no País. Como o Estado vai ficar de fora? É uma ilha? Quais as cidades que são de médio porte que o PL tem candidatura própria? É uma preocupação minha como político ideológico”, acrescentou.
Saída do PL
Sobre a possível saída do PL, Gonçalves declarou: “Caso Girão esteja fechado com o deputado Paulinho Freire, há uma possibilidade de a gente procurar um partido que a gente possa lançar a candidatura e dar opção ao povo de Natal de votar em um político de direita, conservador, de fato e de verdade. É uma possibilidade. Hoje eu me sinto bem a nível de Brasília no PL. Temos uma bancada em que sou honrado em combater. Mas temos deputados de outros partidos que estão alinhados ao bolsonarismo, que são coerentes com as pautas conservadoras no Congresso”.
Ele finalizou: “Não tenho apego ao partido. Eu tenho apego a ideais, princípios. É o que defendo e continuarei defendendo”.
O deputado assinalou, também, que Rogério Marinho ficou isolado dentro do partido ao ir para o lançamento da pré-candidatura de Paulinho Freire sem a companhia de nenhum dos três deputados federais do partido (Sargento Gonçalves, General Girão e Robinson Faria). Também não foram os dois deputados estaduais (Coronel Azevedo e Terezinha Maia).
Paulinho pode ser “novo Fábio Dantas”
O deputado federal associou a pré-candidatura de Paulinho Freire à de Fábio Dantas (Solidariedade) para o Governo do Estado em 2022, que não conseguiu sequer ir ao 2º turno contra Fátima Bezerra (PT). Segundo Gonçalves, Paulinho Freire pode seguir o mesmo caminho.
“Nos fizeram apoiar em 2022. A gente fica com essa preocupação novamente de subir em um palanque, descontruir um discurso que temos de oposição a ideias de centro-esquerda e de repente o projeto não prosperar, como é a minha expectativa com relação a esse projeto”.
O parlamentar registrou que, até agora, Paulinho Freire não ficou à frente de General Girão nas pesquisas. Ele afirma que, nessa hipótese, o apoio ao deputado do União Brasil ainda poderia ser cogitado. “Mas nada me convence que o projeto é mais viável do que candidatura própria do PL, no sentido ideológico, que represente os ideias conservadores”, finalizou.