Candidaturas a prefeito de partidos que estão na base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com direito a assento na Esplanada dos Ministérios, têm firmado alianças com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, principal adversário político do PT. Entre as legendas que podem ter Bolsonaro no palanque estão PSD, União Brasil e MDB.
As alianças ocorrem em ao menos seis capitais e outras quatro grandes cidades: Florianópolis, Curitiba, Salvador, Porto Alegre, Natal, Duque de Caxias, Ribeirão Preto, Feira de Santana, Londrina, além de São Paulo, que tem o prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP) como candidato à reeleição.
O PL também apoia outro partido da base de Lula, o PSB, em São Luís do Maranhão, para a eleição de Duarte Jr, mas o deputado federal afirma que a aliança com a legenda não significa proximidade com o ex-presidente.
— O Bolsonaro tem chance zero de estar no meu palanque. O Lula tem 100% de chance — disse Duarte Jr.
Parte dos candidatos justifica que as eleições municipais têm uma dinâmica própria e que os comandos locais das legendas têm autonomia para escolher aliados. Em Florianópolis, o atual prefeito, Topázio Neto (PSD-SC), é aliado de primeira hora do governador Jorginho Melo (PL-SC) e tem o apoio declarado de Bolsonaro. O prefeito disse que a figura do ex-presidente é importante na corrida eleitoral e que o PSD municipal tem liberdade.
— A nossa coligação é de centro-direita, que vai contrastar com as demais candidaturas que temos na cidade, que são mais de esquerda. O ex-presidente Bolsonaro é uma grande liderança. Acho que ele vai dar prioridade para as cidades onde o PL tem cabeça de chapa, mas tenho o apoio forte do Jorginho. Se o Bolsonaro subir em nosso palanque, não há problema nenhum, aqui em Florianópolis ele fez quase 60% dos votos — disse.
O PL também indicou a vice na chapa de Topázio Neto, Maryanne Matto. O prefeito afirma que vai continuar no PSD e que a legenda tem liberdade na cidade e no estado.
— Na eleição municipal, as pessoas querem saber quem é o candidato a prefeito, o que ele faz. As pessoas me conhecem, estou preocupado em cuidar da cidade. O fato do PSD ter dois ou três ministros na base do governo Lula não me faz ter que assumir as bandeiras do presidente Lula, pelo contrário. Em nível municipal, temos muito mais liberdade — afirmou.
Aliados de Eduardo Pimentel (PSD-PR), candidato à prefeitura de Curitiba e atual vice-prefeito da cidade, justificam que a aliança nacional do partido com o governo Lula não influencia na política local. O grande fiador da campanha de Pimentel é o governador Ratinho Jr., também do PSD. O vice na chapa das eleições de 2024 será indicado pelo PL e deve ser o ex-deputado federal Paulo Martins.
O PSD também tem apoio de Bolsonaro em grandes cidades como Londrina, no interior paranaense, com a candidatura de Tiago Amaral, e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com a candidatura de Ricardo Silva. A legenda tem três ministérios do governo Lula: Agricultura, Minas e Energia e Pesca.
No MDB, também partido da base de Lula, a aliança com Bolsonaro que tem maior destaque é em São Paulo. O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, tem participado de eventos com o ex-presidente, enquanto integrantes da legenda justificam que “apoio não se nega”. O partido tem dois dos ministérios com orçamentos robustos: Cidades, sob o comando de Jader Filho (MDB-PA), e Transportes, comandado por Renan Filho (MDB-AL).
O MDB também se aliou com Bolsonaro nas cidades de Porto Alegre, onde o atual prefeito Sebastião Melo, tenta a reeleição e já é aliado do ex-presidente. Fora das capitais, o MDB também conta com Bolsonaro no palanque de Netinho Reis, candidato à prefeitura de Duque de Caxias, na baixada fluminense, região de eleitores bolsonaristas.
No Nordeste, o União Brasil concentra as alianças com o PL e Jair Bolsonaro. Em Salvador, Bruno Reis é candidato à reeleição com o apoio da extrema direita. Assim como Paulinho Freire, em Natal, e José Ronaldo, em Feira de Santana.
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