Sim, a corrupção permanece nas entranhas da política nacional
A Lava Jato naufragou, mas permaneceu a ideia de que a corrupção não figura entre os assuntos que merecem primeiro plano
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Quem tiver memória e olhos para enxergar saberá do que estamos falando. Começou em 2013 do nada ou, antes, como reação a um reajuste de tarifas de transporte coletivo em São Paulo. Em pouco tempo o movimento ganhou espaço e proporções nacionais, agora com foco em denúncias contra corrupção no setor público. Assim o Brasil tomou conhecimento da existência de uns tais black bloks e adiante viu nascer a Operação Lava Jato e a República de Curitiba. Parecia uma coisa, mas era outra bem diferente, na verdade apenas um atalho para a rampa do Palácio do Planalto. Muita ambição, viu-se adiante, e nenhuma virtude, com o objetivo único de afastar o hoje presidente Lula da corrida presidencial, em que despontava como favorito.
Funcionou em parte, já que Lula foi retirado da corrida eleitoral, mas quem imaginava ocupar o espaço vago não conseguiu mais que inflar candidatura um tanto improvável, a do deputado Jair Bolsonaro. O que veio depois está bem registrado. Falou-se muito de corrupção, supostos grandes escândalos vieram à tona, embalados em inquéritos e processos muitíssimo mal conduzidos, como se manipulados exatamente para não dar em nada. Felizmente para o País e, possivelmente, alguns injustiçados, a Lava Jato naufragou, mas permaneceu a ideia de que a corrupção não figura entre os assuntos que possam merecer primeiro plano.
Mais uma vez é preciso e urgente corrigir rumos. Sim, a corrupção permanece nas entranhas da política nacional, precisa e deve ser combatida com a energia e convicções dos verdadeiramente indignados. E por elementar questão de princípios, nunca como alavanca de interesses, como bem gostam de dizer os próprios políticos, nada republicanos. Não há contemplação e não pode haver espaços para desvios que ajudam a perpetuar abusos que não devem ser tolerados. Sem a ideia de que corruptos são os outros, precisamente os adversários políticos.
A faxina verdadeira permanece pendente, bastando ser lembrado como e a que preços alianças políticas são construídas ou como regalias, um verdadeiro balcão de negócios que costumam ser obtidas na esfera pública, desde a câmara municipal de um pequeno município aos mais imponentes gabinetes de Brasília, até contratos ou pagamentos que interessem ao setor privado. Tudo tem seu preço e clientela disposta a pagar. Eis a regra elementar que permanece por ser derrubada. E não mais para servir a grupos políticos, a esta ou aquela banda que eventualmente se mostra escandalizada apenas por conveniência, e sim para higienizar a vida pública. E definitivamente.