O senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) voltou a demonstrar desprezo pela imprensa livre ao publicar um vídeo em que chama jornalistas e blogueiros que o criticam de “bando de vagabundos”. Na visão do parlamentar, a culpa pela exposição de suas incoerências seria da “imprensa que ganha dinheiro para defender o errado”.
O discurso é, no mínimo, cínico. Documentos públicos mostram que o próprio senador mantém contratos generosos com blogs alinhados — muitos dos quais se notabilizam pela divulgação de fake news e conteúdos de baixíssimo nível. Ou seja, enquanto ataca a liberdade de imprensa, Styvenson financia justamente a imprensa que o serve.
Não se trata aqui de criminalizar contratos com jornalistas ou veículos de comunicação. A prática é legal, desde que atenda aos requisitos da transparência e legalidade. O que se critica é a hipocrisia: o senador condena o que pratica nos bastidores.
A tentativa de desqualificar jornalistas independentes com ofensas gratuitas revela, além de autoritarismo, despreparo para lidar com o contraditório. É legítimo criticar a imprensa — mas não é legítimo criminalizar, caluniar ou ofender quem cumpre seu papel fiscalizador.
